O Amansar Da Fera, de William Shakespeare
O Amansar da Fera de Shakespeare – uma festa de teatro
Em início de comemoração dos 60 anos de atividade do TEC, e em saudosa celebração do legado de Carlos Avilez, reunimos um elenco inteiramente constituído pelos atores da companhia e por ex-alunos de várias gerações da Escola Profissional de Teatro de Cascais, que em boa hora fundou.
Escolhemos O Amansar da Fera, do jovem Shakespeare, encenado por Cucha Carvalheiro. Uma comédia de enganos em redor de Catarina e Petrúcio, um casal improvável que vira uma cidade do avesso no seu encontro… e vários desencontros.
O argumento desta comédia foi inspirado numa história bem conhecida do público original, sobre a “domesticação” de uma mulher rejeitada por uma sociedade patriarcal que a considera “uma fera”, por ser rebelde e dizer o que pensa. O pai, Baptista, a quem ela acusa de querer “vendê-la na praça”, quer despachá-la: Catarina, a fera, tem de casar antes que a sua irmã Bianca, supostamente obediente e exemplar, possa casar também. Assim, oferece um valioso dote a quem queira
desposar Catarina, e fecha Bianca em casa, longe dos seus vários pretendentes, apenas permitindo que a visitem professores que a instruam. Petrúcio, um fanfarrão aristocrata que faz ruidoso alarde da sua riqueza, aceita casar com a “megera” Catarina, com olho no dote.
Enquanto isso, os pretendentes de Bianca usam disfarces para entrar na casa do pai como professores e cortejá-la. Petrúcio consegue casar com Catarina e propõe-se a usar métodos inspirados na falcoaria para a “domesticar” e fazer dela uma esposa obediente. Depois de vários estratagemas e quid pro quo entre os vários pretendentes de Bianca, esta casa, às escondidas, com o seu escolhido, Lucêncio.
No final, Catarina, a nova “esposa exemplar”, faz um discurso de aparente rendição diante das outras noivas: uma viúva renitente e uma irmã só aparentemente sonsa… mas o discurso é todo para um marido a quem ela
promete tudo o que ele precisa para ganhar a aposta com os outros noivos, sobre quem seria o melhor domador, sendo que o verdadeiro desenlace fica marcado para a cama, apenas a dois.
Como sempre em Shakespeare, uma história de moralidade muito duvidosa é convertida noutra coisa muito mais nutritiva. A encenação de Cucha Carvalheiro dá tanta vida à protagonista que a sua rendição não é
sequer ilusória para o seu Petrúcio, e, de facto, eles domesticam-se mutuamente, depois de se apaixonarem – sem nunca o admitirem - convertendo-se no “mais feliz dos casais” de Shakespeare, segundo Harold Bloom.
Mais informações: TEC | 968 780 966 | acontecenotec@tecascais.com | Horário - Quarta a Sábado a partir das 18h, Domingo a partir das 14h
Organização: Teatro Experimental de Cascais

