Museu Condes de Castro Guimarães
Na enseada de Santa Marta, ergue-se um belo exemplar da arquitetura de veraneio, revivalista e eclética, que nos remete para um ideário do fantástico e maravilhoso, onde outrora habitaram personagens da história e da cultura portuguesa. Conhecido como Torre de São Sebastião, este palácio foi mandado construir em 1897 por Jorge O’Neill, segundo um projeto do pintor e arquiteto Francisco Vilaça. Deve o seu nome à existência próxima de uma capela do século XVI em honra desse santo.
Jorge O’Neill era descendente de antiga linhagem irlandesa, razão pela qual existe uma sala onde é possível ver um teto todo decorado com trevos (Sala dos Trevos). O trevo de três folhas ou “Shamrock” é um dos símbolos heráldicos da Irlanda, associado ao São Patrício que usou esta folhinha para explicar a Santíssima Trindade.
Em 1910, o palácio foi comprado pelos Condes de Castro Guimarães, que mais tarde legaram o edifício e o jardim para que nascesse o primeiro Museu e Biblioteca de Cascais. Manuel de Castro Guimarães era colecionador e um apaixonado por música. Em 1912, instala um órgão com 1170 tubos na atual Sala da Música. Ao alterar a estrutura do teto, por questões de acústica, aproveita para mandar decorá-lo com os brasões da sua família. Os Condes estão sepultados no limite do antigo jardim, integrado no atual Parque Marechal Carmona, pois era sua vontade repousarem na propriedade que doaram para a eternidade. O Museu-Biblioteca Condes de Castro Guimarães inaugura ao público a 12 de julho de 1931.
Em 1932, Fernando Pessoa concorre ao cargo de Conservador do Museu, mas não é admitido por falta de habilitações adequadas. Na época, o escritor ainda não tinha obra publicada e não era famoso como hoje em dia. Cascais era para Pessoa um local de inspiração e uma necessidade expressada pelo próprio: “preciso cada vez mais de ir para Cascais” .
O Museu apresenta coleções de pintura, escultura, ourivesaria, mobiliário e porcelana, entre outras, provenientes da China, da Índia e do Brasil, além da Europa. Estes objetos estão distribuídos ao longo do percurso de visita, de acordo com a sua função e as vivências do palácio. Entre as pequenas coleções, descobrem-se escaravelhos egípcios, relógios de duzentos anos que ainda trabalham, leques europeus e orientais e um núcleo de ícones russos. O maior tesouro da biblioteca do Conde é a Crónica do Rei D. Afonso Henriques, escrita por Duarte Galvão no século XVI. Este códice pode ser consultado em e-book no Museu ou no site Cascais Cultura.
O Museu oferece visitas e um mundo de atividades dirigidas a miúdos e graúdos. Uma das suas atrações é a subida ao torreão, onde é possível subir ao varandim exterior e ter uma perspetiva de Cascais a 360 º, quando as condições climatéricas o permitem.